HealthTech: por que "Move fast and break things" não funciona quando vidas estão em jogo?
Enquanto startups de outros setores prosperam ao romper hábitos e criar novas necessidades, na saúde a lógica é diferente. Afinal, estamos lidando diretamente com vidas.
Em muitos setores, especialmente no universo das startups, prevalece o famoso mantra: "move fast and break things". Empresas como Uber, Airbnb e Spotify cresceram rapidamente justamente por desafiar processos estabelecidos, quebrar hábitos antigos e criar novos comportamentos.
Mas no mundo da HealthTech, essa lógica muda completamente. Diferente de outros mercados, a saúde possui uma cultura naturalmente avessa ao risco e por uma excelente razão: estamos lidando diretamente com a vida das pessoas.
Quem acertou na HealthTech?
O sucesso em HealthTech geralmente vem da capacidade de resolver problemas específicos sem grandes rupturas nos processos já existentes. Alguns exemplos práticos:
Dr. Consulta: Tornou consultas médicas acessíveis sem depender de planos de saúde, facilitando a vida dos pacientes com qualidade e comodidade (Fonte).
Memed: Simplificou prescrições médicas, criando uma plataforma com acesso fácil às bulas de mais de 20 mil medicamentos regulamentados pela Anvisa, reduzindo erros e melhorando a comunicação entre médicos e pacientes (Fonte).
Zenklub: Permitiu sessões de terapia online com profissionais qualificados, trazendo flexibilidade e privacidade aos pacientes (Fonte).
Essas empresas não tentaram reinventar todo o sistema de saúde do dia para a noite. Pelo contrário: focaram em resolver um problema claro, simples e imediato. Só depois, aos poucos, começaram a ampliar suas soluções.
Quem tropeçou pelo caminho?
Por outro lado, startups que apostaram em transformações radicais sem validar bem suas soluções enfrentaram sérias dificuldades. Alguns casos emblemáticos:
Theranos: Prometia revolucionar exames laboratoriais com apenas algumas gotas de sangue. A falta de transparência e a inconsistência nos resultados levaram ao fracasso completo da empresa (Fonte).
Forward Health: Investiu em clínicas ultramodernas e cabines automatizadas para exames médicos, mas enfrentou dificuldades técnicas constantes, baixa adesão e foi encerrada em 2024 (Fonte).
Google Health: Pretendia centralizar informações de saúde dos usuários, mas a dependência da inserção manual de dados pelos usuários, além de questões de privacidade e integração, comprometeu seu sucesso (Fonte).
Esses casos destacam algo importante: antes de tentar revolucionar a saúde, é fundamental provar que sua solução é confiável e eficaz.
Na prática, o que funciona bem em outros setores nem sempre dá certo na saúde. Crescimento sustentável em HealthTech vem muito mais de respeitar a segurança do paciente, entender o contexto clínico e criar valor gradualmente.